domingo, 18 de julho de 2010

Hotel das Águas de Radium ou Hotel da Pena



Há muitos anos, quando visitei Sortelha pela primeira vez, intrigou-me um misterioso edifício abandonado, que fica no caminho de Caria para Sortelha, quase, quase a chegar a Sortelha, na chamada Serra da Pena.
Com o passar do tempo fui descobrindo a origem deste “castelo”, uma imponente construção em granito, que terá tido nos seus tempos áureos 90 quartos.
Conta uma lenda, ou será a realidade, que D. Rodrigo, um conde espanhol terá trazido a sua filha, que padecia de doença grave, para tratamento nas termas. Ao que consta as águas tiveram o devido efeito e a donzela curou-se. Assim, terá o conde mandado erigir o hotel termal como reconhecimento da cura. A história é relativamente recente, remonta ao início do séc. XX.
Bem, mas do conde espanhol e da sua filha não há relatos escritos. As evidências para as quais existem documentos dizem-nos que só em 1920, as águas foram reconhecidas como tendo propriedades radioactivas.
Segundo um artigo, publicado em 1926, no Jornal “A Serra”, terá sido Henrique Gonçalves, de origem espanhola, que terá mandado construir a estância termal, sendo que o jornal relata a sua inauguração.
Em 1929, a Sociedade Águas Radium, Lda., arrenda a exploração termal através de contrato que vigorava até 1940. No entanto, a exploração manteve-se até 1945, ano em que foi suspensa. Será em 1951, através da Companhia Portuguesa de Radium, uma empresa de capitais ingleses, que o Hotel volta a funcionar, embora as termas não voltem a ser exploradas. Em 1961, esta companhia mineira cessa a sua actividade, mas segundo a documentação o hotel já estaria encerrado.
O hotel terá sido levado a leilão em Lisboa e vendido a uma família da qual se desconhece o nome, em 1985 foi vendido a outro particular este vendeu-o, em 2000, a um irmão. Ao que consta o último proprietário tem ou teria um projecto para construção de um hotel de luxo com campo de golfe e piscinas e mais tarde voltaria a funcionar a actividade termal.
As Águas Radium, da Serra da Pena, teriam efeitos no tratamento da hipertensão arterial, em doenças do coração e rins e também no reumatismo.
Estas águas foram engarrafadas e o rótulo dizia serem milagrosas, sendo que provinham de uma nascente também ela denominada de Milagrosa. No rótulo pode também ler-se “Caria (Beira Baixa)”, o que leva a pensar que seria aqui engarrafada.
Terão sido as investigações sobre os malefícios da radioactividade, já salientados por madame Curie, que levaram à suspensão da actividade do hotel, mas se assim é como poderá o actual projecto propor a reactivação da actividade termal, é algo que dá que pensar!.

Fontes:
http://www.aguas.ics.ul.pt/guarda_cpena.html
Nogueira, Cristina, “Monografia Histórica do Concelho de Belmonte-Novos Contributos”, Câmara Municipal de Belmonte
Fotografias:
Antigas de Vitor S. Antunes

4 comentários:

  1. Olha, bem engraçada esta história!

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  2. Achei que tinhas tirado toda esta informação do livro do Dr. Victor, mui nobre cidadão de Sortelha.....

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  3. Pois é Miguel, e tantas vezes passei por lá e pensei qual seria história daquele edifício!!

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  4. Ana, lembras bem, ainda vou ver o que diz o Dr. sobre este assunto.

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